Todo o ex-fumador sabe, como é difícil
deixar de fumar, o problema não é deixar, isso talvez até deve ser o mais simples,
o mais difícil é resistir à tentação que nos rodeia.
Acho que com mais de cinco meses sem tocar num cigarro deveria
partilhar convosco a minha história. Eu comecei a
fumar mais ou menos aos 16 anos, ou seja há cerca de 9 anos, e
cheguei mesmo a fumar dois maços por dia, na altura da faculdade.Quando comecei a namorar com o Príncipe e por saber que ele não gostava do cheiro
reduzi bastante a quantidade que fumava, mas mesmo assim, no trabalho, com as pressões ou até mesmo com aqueles stresses familiares que todos temos, lá acaba por fumar mais alguns cigarros.
O mesmo se aplicava se fosse sair à noite sem ele, ou então se ficasse sozinha em casa até tarde,
já sabia que esses eram dias de perder a cabeça, mas fazia parte de mim e não achava nada estranho que assim fosse.
Quando eu e o príncipe decidimos dar um passo em frente e arranjarmos casa eu
percebi que o dinheiro que gastava neste vício pode ser muito mais bem aplicado. Contudo não foi só o dinheiro que me moveu, aliás o movimento já era difícil para mim, arfava com facilidade, não conseguia correr mais do que um minuto sem ficar com dores no peito e pior,
não conseguia dar mais do que duas gargalhadas (coisa que adoro fazer), sem começar a tossir, como um idoso que faz um esforço descomunal.
Reuni a minha coragem a todos estes fatores, apesar de
fumar ser parte de quem eu era, não podia impingir o meu vício ao meu namorado, agora noivo, logo não ia viver para fumar às escondidas dele.
Pensei muito, ponderei os anos que fumava, o prazer que isso me dava, o quanto isso me ajudava na dieta e decidi arriscar tudo.
Um dia decidi que ia deixar de fumar, mas ia mesmo, não ia cair na tentação como tinha caído das outras vezes.
Nessa sexta-feira de maio fumei um maço e meio, fumei enquanto jantava, fumei durante a noite toda, fartei-me de fumar para não ter remorsos, quando a noite a acabou, ainda tinha cigarros no maço, mas meti-o na carteira decida a nunca mais lhe tocar.
No dia seguinte acordei e como já era habitual tive vontade de
fumar, abri a carteira e vi lá o maço. Em vez de
fumar sorri, lembrando-me que brevemente iria dar longas gargalhadas.
Voltei a olhar e disse: "Tu estás ai, e eu estou aqui, não me vais vencer desta vez".Tive este ritual inúmeras vezes durante quase duas semanas, olhava e ria-me para o maço e voltava a repetir as mesmas frases. Inicialmente era difícil e por isso evitava cafés de fumadores ou estar junto de quem estivesse a
fumar, mas fui dando um passo de cada vez, e
certo dia fui tomar um café com uma amiga fumadora, nessa altura percebi que já aguentava bem, dei-lhe o que restava do meu maço. Comecei a frequentar cafés para fumadores, conviver com fumadores e essas coisas todas.
Claro que engordei, existem fases em que só me apetece levar um cigarro à boca e saborear, porque
eu adorava o sabor do tabaco, mas resisto, engordei e alguns dias fico mesmo com aquela sensação de tentação, onde me questiono se algum dia levarei um cigarro sem retomar o vício. Contudo
eu sei que os vícios são linhas muito ténues, e sei que nunca vou arriscar e estragar o trabalho e as batalhas que vim vencido ao longo destes meses.
Se custa?! Sim e muito, engordei, salivei muitas vezes, e fechei-me muitas vezes no quarto para não cair na tentação, mas são apenas cinco minutos,
está cientificamente comprovado que são apenas cinco minutos de desespero e depois tudo volta ao normal, tem dias que nem me lembro que o tabaco existiu na minha vida, outros que me lembro, mas como tudo na vida, temos que viver com as decisões que tomamos, ainda para mais, quando sabemos que elas são as mais correctas.
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Etiquetas: deixar de fumar, fumar, primeira pessoa